ESPECIAL | CRONISTA DO MÊS #25
A última carta de amor Amor, Eu sei que faz tempo. Sei também que nada do que passou vai voltar. Me perdoa. Ah, isso é tão óbvio! Mas sério, me perdoa. Foram essas palavras que consegui formular para iniciar essa carta endereçada a você. Uma semana pensando, gastando mais borracha do que lápis, fritando neurônios com lágrimas salgadas e essas foram as únicas coisas que atinei a colocar aqui. E você ainda costumava dizer que eu era uma ótima pessoa com as declarações. Lembro de cada vez que você disse que queria me apertar, explodir em alegria, derreter-se pelo peito. Sabe que tudo isso faz parte de um ritual quase que sinistro ao qual me obrigo praticamente todos os dias. Fechar os olhos, deitar na cama e relembrar tanto, mas tanto, que chego ao ponto de conseguir sentir tudo de novo, como se estivesse acontecendo naquele exato momento. Você vai achar loucura se eu disser que consigo até sentir seu toque e seu cheiro? Dizem que é possível. Eu me apego nisso para não achar que