O SEMINARISTA - BERNARDO GUIMARÃES

"O Seminarista narra o drama de Eugênio e Margarida que, na infância passada no sertão mineiro, estabelecem uma amizade que logo vira paixão. O pai de Eugênio, indiferente aos sentimentos do filho, obriga-o a ir para um seminário. Dilacerado entre o amor e a religiosidade, Eugênio segue para o mosteiro. O Seminarista (1872) é um dos mais críticos romances de Bernardo Guimarães. Numa narrativa forte e emocionante o autor faz severas críticas das imposições vocacionais na sociedade patriarcal brasileira do século XIX. O Seminarista é uma obra contra o celibato clerical."


Informações Gerais: 
Ano: 1983
Número de Páginas: 126
Editora: Ática - Sério Bom Livro
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Minha nota: 


Um romance muito triste entre duas crianças: Eugênio & Margarida. Um amor inocente, de crianças que brincavam juntas, e que os tornava inseparáveis. O menino vivia com os pais numa fazenda, aonde moravam também, a Margarida e sua mãe, dona Umbelina, de favor. 
Dona Umbelina mantinha uma mercearia naquele lugar, onde os sitiantes faziam suas compras e os homens bebiam até ficarem tortos.


"Eram como duas flores silvestres em botão, nascidas da mesma haste, nutrindo-se da mesma seiva, acariciadas pela mesma aragem, que ao abrirem-se cheias de viço e louçania encontravam-se sorrindo-se e namorando-se em face uma da outra, e balanceando-se às auras da solidão procuravam beijar-se trocando entre si eflúvios de amor."

Como predestinado pelos pais de Eugênio, o menino se tornaria padre. Então, ainda pequeno foi mandado para Congonhas do Campo, o arraial mais próximo onde havia um seminário. Eugênio gostava das coisas da Igreja, das coisas de Deus, achava que ser padre era uma coisa bonita. Mas, o sentimento dele mudou quando descobriu que para se formar padre teria que deixar de lado sua amiga de infância Margarida.

Em todo o tempo que se passou no seminário crescia as saudades de ambos os lados: ela não queria mais brincar, nem sair de casa e ele lhe escrevia lindos poemas de amor. Até que um certo dia, o professor de Eugênio recolhe esses poemas e manda o menino direto para o diretor, a fim de receber punição. Os pais do menino depois que foram avisados sobre este episódio resolveram tomar uma atitude: expulsaram Dona Umbelina e sua filha das terras em que viviam para que nunca mais os dois se encontrassem, caso o menino viesse passar férias em casa. Além disso, mandaram uma carta ao filho dizendo que a Margarida havia encontrado outro rapaz, casado e ido morar longe.

Enganaram-se porém porque somente Deus escreve nosso destino e uma vez escrito, as mãos humanas não podem alterá-lo. O resto da história é de muita surpresa e vou parar por aqui para não deixar escapar alguns detalhes a vocês.

Só para desabafar: o final deste livro arrancou meu coração e jogou no lixo, porque além de ser muito triste, nos deixa curiosos pra saber que fim levou tal personagem. Foi um final surpreendente mesmo (pra mim)! E por não ter concordado com o final, dei 4 estrelas pra ele.

Demorei um pouco no início e confesso que foi por causa da linguagem, demorei a me acostumar com a escrita do Bernardo Guimarães, mas depois que engrenou foi muito rápido. É uma leitura super recomendada. O autor faz algumas referências à Bíblia e até comparações; entre elas, uma que eu gostei muito foi a comparação de Margarina à Eva do livro do Gênesis, porque a menina era "tentação" para Eugênio, assim como a mulher tentou Adão a comer a maçã, antes de Cristo.

Este livro é uma das obras principais do autor, que figura junto de "A Escrava Isaura" e "O Garimpeiro" que também fez muito sucesso. O Seminarista em especial se tornou muito polêmico para a época em que foi publicado (1872), porque trata do celibato clerical e porque veio em meio a Questão Religiosa que se passava no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, onde houve a prisão de dois bispos (D. Frei Vital e D. Macedo Costa). Essa edição traz um resumo desses acontecimentos históricos num texto de Hélio Lopes (USP) intitulado "Como se pode ler O Seminarista". Gosto, particularmente dessa capa com a cobra e não troco por nada, mas também ficaria com a capa da edição de 1999, publicada pela FTD.



Beijos e até a próxima!

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