DECIFRANDO VERSÍCULOS - GÊNESIS [parte 3]



"A Bíblia é um livro para ser acreditado pelo cego e não discutido." - Stendhal


GÊNESIS
   Um manual de história natural com a finalidade de expor as origens do mundo e da humanidade.


III - HISTÓRIA DE JOSÉ (37-50)


Como o próprio título já diz, nesta terceira parte vamos acompanhar a história de vida de José: filho caçula de Jacó e também o preferido. Eles vivem em Canaã. Por esse motivo, todos os outros irmãos passaram a odiá-lo.

José não facilitava as coisas pro seu lado. Frequentemente tinha sonhos onde coisas e pessoas se prostravam diante dele, como se ele fosse o senhor de tudo. Isso só nutria ainda mais a inveja e o ciúmes de seus irmãos.

Certo dia, em que os irmãos estavam cuidando das ovelhas em campos mais distantes de casa, decidiram dar um sumiço no "irmãozinho sonhador." Mas matá-lo seria ruim demais, e pouco vantajoso também. Decidiram então vendê-lo como escravo a uma caravana de negociantes que passava por ali em direção ao Egito. José foi vendido por 20 moedas de prata.

Os irmãos mataram um cabrito e mergulharam a túnica de José no sangue. Assim, mandaram-na entregar ao pai, que chorou a morte do filho amado. Ainda tiveram a cara de pau de ir consolar o velho (sem-vergonhas!).

Já no Egito, José foi trabalhar para o faraó Putifar.

Tchau, irmãozinho!

Vamos dar uma pausa na história de José, para conhecer outra história que se passa quase ao mesmo tempo: Judá e Tamar.

Judá, um dos irmãos mais velhos de José, saiu de casa para se casar. Juntos tiveram três filhos: Her, Onã e Sela.

Judá escolheu uma esposa para seu filho primogênito (Her) chamada Tamar. Porém, Her morreu cedo e não deu nenhum filho a essa esposa. Naquele tempo, eles acreditavam que quem morria cedo era porque era mau aos olhos do Senhor.

"Her, porém, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor o feriu de morte." (Gên 38, 7)
Então Judá, falou para o filho do meio (Onã), tomar a esposa dele e honrá-lo dando filhos para sua posteridade. Essa era uma lei chamada de Levirato (a lei prescrevia ao irmão de um homem morto sem filhos desposar sua cunhada: o primeiro filho nascido de tal união era considerado como filho do defunto).

Mas o menino não gostou da ideia, não. Toda vez que fazia amor com Tamar, ejaculava no chão para não dar a ela nenhum filho, porque afinal não seria dele. Como seu comportamento desagradou ao Senhor, ele também morreu jovem. Cuidado com seu comportamento, ein jovem!

Vejam só o novelão que isso virou! Judá não deu seu último filho, Sela para a nora como havia prometido. Ela então traçou um plano. Judá nessa época estava de luto por ter perdido também sua esposa. Um belo dia, Judá viajou para Tamna para tosquiar suas ovelhas, e no caminho, na entrada da cidade vizinha, viu uma mulher coberta de véus, sentada à toa e pensou ser uma prostituta. Dormiu com ela, e como pagamento ele lhe prometeu um cabrito, mas até a entrega do animal, a mulher pediu um pertence dele como garantia. Ele lhe entregou seu anel e outras coisas, e partiu.

"Queres juntar-te comigo?"

Agora pasmem! Mal sabia ele que a mulher com quem dormiu era a própria nora (e ele nem percebeu!). Três meses depois, vieram contar a Judá que Tamar andou aprontando e apareceu grávida. Naquele tempo as mulheres que agiam assim eram queimadas em praça pública, então foi o que Judá mandou fazer. Mas a mulher mandou entregar alguns pertences ao sogro dizendo: "Concebi do homem a quem pertence isto: examine bem". Vixeee! Mas Judá não foi embuste, admitiu que agiu mal e disse ainda que ela era mais justa que ele. Tamar deu à luz a gêmeos. Tudo isso foi importante para garantir a descendência de Judá, inclusive de onde nasceu Jesus, então palmas pra Tamar. E o motivo desta história estar no meio da de José é pra mostrar que Judá foi castigado por ter vendido seu irmão.

Agora, retornemos para a história de José. Paramos na parte, em que ele foi vendido como escravo para o faraó Putifar. Pois bem, José trabalhava bem e aos poucos, ganhou a simpatia do faraó, que acabou lhe dando funções mais importantes do que limpar chão: ele passou a cuidar dos negócios.

Mas a mulher do faraó se interessou por José, que era bonitão. Vivia se insinuando para ele, que coitado, morria de medo de fazer algo que enfurecesse o seu senhor. Ela percebendo que José não ia ceder, resolveu acabar com ele. Certo dia, agarrou José pelo manto, que assustado saiu correndo, deixando o manto pra trás. Com a roupa dele em mãos, a mulher foi até seu marido chorar, dizendo que José havia tentado abusar dela. Não deu outra, José foi preso junto com os prisioneiros do rei.

Na prisão, José ficou conhecido como o Rei dos Sonhos: os prisioneiros vinham lhe contar seus sonhos e ele os interpretava. Um padeiro e um copeiro que estavam lá tiveram um sonho parecido e José interpretou que um deles iria ser solto em 3 dias, e que o outro seria enforcado em 3 dias. E foi assim mesmo que aconteceu; os dois senhores tiveram seus destinos, mas José continuou preso.

Dois anos depois, o faraó teve uns sonhos esquisitos. Mandou chamar todos os mágicos e sábios do Egito, mas nenhum deles soube explicar os sonhos. Nessa ocasião, o copeiro se lembrou de José, e contou ao faraó desse escravo que havia interpretado seus sonhos na prisão. Sem outra escolha, o faraó mandou chamá-lo.

O faraó disse então à José: "Em meu sonho, eu estava à margem do Nilo, e eis que do Nilo saíram 7 vacas gordas e belas, que se puseram a pastar no capinzal. E saíram em seguida 7 outras vacas magras, feias e disformes, como jamais vi. As vacas magras e feias devoraram as 7 gordas. Nessa altura, despertei." (Gên 41, 17-21)
Mu, mu, mu

O faraó sonhou depois a mesma situação, mas dessa vez eram 7 espigas de milho finas e queimadas que comiam 7 espigas cheias e belas. José soube interpretar dizendo que o nº 7 significava: 7 anos de abundância que logo se tornariam 7 anos de miséria para o Egito. Segundo ele, a fome devastaria o país. E já foi dando sua ideia para o faraó, de fazer uma reserva de alimentos, tendo um bom armazenamento para enfrentar os tempos difíceis que se aproximariam.

O faraó o achou muito prudente e sábio e foi logo nomeando José como seu primeiro-ministro e dando a ele sua filha, em casamento, com quem teve dois filhos. Pronto, o menino subiu na vida! Mas trabalhou muito para o seu plano funcionar. Quando chegaram os 7 anos de fome, José abriu os celeiros cheios de trigo que recolheu nos anos de abundância, e distribuiu ao povo. E não faltou pão!

Vocês ainda lembram da família de José? Pois então, eles também enfrentavam essa fome terrível e Jacó disse pros filhos irem até o Egito comprar trigo. Logo que chegaram lá, José os reconheceu, mas eles não o reconheceram. José sentiu o ranço tomar conta dele e não se conteve. Inventou que eles eram espiões e mandou-os prender. Os irmãos diziam o tempo todo que eram gente honesta, que eram todos filhos de um mesmo pai, que só estavam ali para comprar trigo. José foi irredutível! Disse que só soltaria todos eles, se mandassem buscar o irmão mais novo, Benjamin (porque ele soube que seu pai teve mais um filho ainda, depois de perdê-lo).

Jacó, de jeito nenhum, concordou em levarem mais um de seus filhos para também perdê-lo. Depois de muito insistirem, Benjamin foi com eles. Chegando ao Egito, José os convidou para almoçar na casa dele, todos os irmãos. E fez muitas perguntas sobre a família, inclusive se o pai ainda estava vivo. Eles estavam assombrados e sem entender nada. José era esperto: mandou colocar uma de suas taça de prata no saco de trigo do irmão mais novo, Benjamim e mandou-os embora. Quando já estavam bem longe, José mandou um de seus empregados atrás deles para examinar os sacos e ver quem roubou a sua taça.

"O que significa isso?"

Falando isso, os irmãos ficaram incrédulos e até disseram: "Que aquele que estiver com a taça morra, e os outros virem seus escravos." Pra quê? A taça estava com Benjamin! Começou a discussão; todos os irmãos queriam ser morto no lugar do irmão mais novo, só pra não encarar seu pai de novo. Meu Deus, o pai ia ter um treco, já tinha seus 130 anos, não suportaria mais essa dor! Então José teve pena e começou a chorar na frente de seus irmãos e lhes contou tudo. Todos ficaram pasmados! Foram buscar seu pai, esposas, filhos e netos e José deu casa e uma nova terra para eles, ali no Egito (eram 70 pessoas ao todo).

Jacó ficou doente, mandou chamar seus filhos para a benção final e morreu. Seu último pedido foi que o enterrasse também junto de sua esposa, em Canaã. Foi feito um grande funeral. Na volta para o Egito, os irmãos temeram por suas vidas, achando que José iria ainda querer se vingar pelo o que fizeram, agora que seu pai já não estava entre eles. Então, se jogaram aos seus pés e lhe pediram perdão. José vendo isso, chorou. Assim, se cumpriu a profecia dos seus sonhos antigos, aquela em que um dia todos, inclusive seus irmãos, se prostrariam aos seus pés.

José viveu em paz com sua família. Morreu aos 110 anos. Foi embalsamado e depositado num sarcófago no Egito.

"Vou morrer; mas Deus vos visitará seguramente e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, Isaac e a Jacó. Quando Deus vos visitar - disse ele - levareis daqui os meus ossos." (Gên 50, 24-25).

Assista também ao filme "José: O Rei dos Sonhos" - as músicas mais lindas estão aqui.





O estudo da Bíblia continua aqui no blog, por isso fiquem ligados. 

Beijos e até a próxima!

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